Observatório analisa: Hipertensão

Publicado em 31/10/2023

A hipertensão é uma das principais causas de morte no mundo, superando muitas outras doenças. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a hipertensão contribui para 7,5 milhões de mortes globalmente, cerca de 12,8% do total de todas as mortes. Ela é um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames, que são as principais causas de morte globalmente.

O QUE É HIPERTENSÃO?

A hipertensão, também conhecida como pressão alta, é uma condição médica crônica que ocorre quando a pressão sanguínea nas artérias está constantemente elevada. É uma doença silenciosa e muitas vezes assintomática, o que a torna perigosa, pois pode levar a complicações graves, como doenças cardíacas e derrames.

A pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mmHg) e é apresentada em dois números, como 120/80 mmHg. O primeiro número, conhecido como pressão sistólica, representa a pressão nas artérias quando o coração bate. O segundo número, a pressão diastólica, representa a pressão nas artérias quando o coração está em repouso entre os batimentos. A hipertensão é diagnosticada quando a pressão arterial é consistentemente 140/90 mmHg ou superior.

Apesar de muitas pessoas com hipertensão não experimentarem nenhum sintoma e só descobrirem a condição durante exame médico de rotina, alguns sinais podem incluir dores de cabeça, falta de ar, tonturas, dor no peito, palpitações do coração e sangramento nasal. Em casos mais graves, pode causar dor no peito, sangramentos nasais, fadiga, confusão mental e até mesmo perda de consciência.

A HIPERTENSÃO NO BRASIL

A hipertensão é uma condição de saúde prevalente no Brasil, afetando uma grande parcela da população. Segundo o Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), em 2023, 28,1% dos brasileiros adultos das capitais brasileiras tinham diagnóstico de hipertensão.

A prevalência da doença aumenta com a idade, sendo mais comum em pessoas com 65 anos ou mais. Entre os jovens de 18 a 24 anos, a prevalência é de apenas 5,8%. No entanto, entre os adultos de 35 a 44 anos, esse número sobe para 19,5%. A prevalência continua a aumentar com a idade, atingindo 64,6% entre os indivíduos de 65 anos ou mais. Além disso, a hipertensão é mais frequente em mulheres (29,6%) do que em homens (26,3%).

A hipertensão também está associada à escolaridade, sendo mais comum entre aqueles com menor nível de escolaridade. Entre os adultos com até 8 anos de escolaridade, a prevalência é de 45,2%, enquanto entre aqueles com 12 ou mais anos de escolaridade, a prevalência cai para 19,3%.

Ainda segundo o Vigitel, a prevalência de hipertensão nas capitais brasileiras aumentou de 2006 a 2023. Em 2006, 22,8% dos adultos tinham diagnóstico da doença. Em 2023, esse número subiu para 28,1%. É preocupante que mais de ¼ da população das capitais tenha hipertensão, pois essa doença é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares.

Para saber mais sobre os dados da hipertensão no Brasil, acesse o Observatório da Saúde Pública.

Internações

Segundo o Sistema de Informações Hospitalares (SIH), a hipertensão é uma das principais causas de internações no Brasil. Em 2022, houve 35.885 internações no Brasil por hipertensão, o que indica uma taxa de 17,8 a cada 100.000 habitantes. Em média, as pessoas passaram 4,12 dias internadas.

A maioria das internações ocorre em indivíduos com mais de 60 anos, refletindo a maior prevalência da doença nessa faixa etária. Além disso, as mulheres são mais internadas por hipertensão do que os homens, representando 57,2% das internações. As internações também são mais frequentes em áreas urbanas, em pessoas pardas e com baixa escolaridade.

Pesquisa sobre hipertensão

A pesquisa científica em hipertensão no Brasil tem avançado significativamente nos últimos anos. Diversas instituições de ensino e pesquisa, como a USP, a UNICAMP e a Fiocruz, têm desenvolvido estudos importantes para entender melhor a doença e buscar tratamentos mais eficazes. As pesquisas buscam entender os fatores de risco, como obesidade, sedentarismo, estresse e consumo excessivo de sal, além de estudar novas abordagens terapêuticas. Além disso, estudos epidemiológicos são realizados para mapear a prevalência da doença e identificar grupos de risco. A pesquisa em hipertensão no Brasil também tem um forte componente de saúde pública, buscando estratégias para prevenção e controle da doença na população.

Na Coleção de Documentos Científicos da Biblioteca do Observatório da Saúde Pública existem mais de trezentos artigos científicos sobre o tema. A maior parte deles foi produzido nos últimos cinco anos, com destaque para as revistas Ciência & Saúde Coletiva e Revista Brasileira de Enfermagem.

Artigos sobre o tema hipertensão na Biblioteca do Observatório da Saúde Pública.

A GEOGRAFIA DA HIPERTENSÃO

Segundo o Vigitel 2023, a hipertensão é uma condição prevalente nas capitais brasileiras. As maiores prevalências foram observadas no Rio de Janeiro (34,4% da população de 18 ou mais anos tem hipertensão), Porto Alegre (33%) e Recife (32,6%), e a menor prevalência foi observada em São Luiz (19,2%).

As magnitudes desses percentuais reforçam a importância de políticas públicas voltadas para rastreamento, diagnóstico e controle da hipertensão. E mais assertiva será a tomada de decisão se considerar no desenho e implementação das políticas as particularidades regionais.

Como prevenir a hipertensão?

A prevenção da hipertensão é fundamental para a manutenção da saúde cardiovascular. Adotar um estilo de vida saudável é a principal forma de prevenção. Isso inclui uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e grãos integrais, e pobre em sal e gorduras saturadas. A prática regular de atividade física também é essencial, pois ajuda a manter o peso corporal adequado e fortalece o coração. Evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo também são medidas preventivas. Assim como o controle do estresse, pois quando crônico pode elevar a pressão arterial. A prevenção é a melhor estratégia para evitar complicações graves associadas à hipertensão, como infarto e AVC.

Faça uma busca a seguir sobre temas de interesse a respeito de como prevenir a hipertensão nos documentos da biblioteca digital.

Políticas públicas de controle da hipertensão

As políticas públicas voltadas para a hipertensão visam a prevenção, o diagnóstico precoce e o controle adequado da condição. Isso envolve a promoção de estilos de vida saudáveis, com ênfase na alimentação balanceada, prática regular de atividade física e controle do tabagismo e do consumo de álcool. Além disso, é fundamental garantir o acesso à atenção primária de saúde, onde o rastreamento, diagnóstico e o controle da hipertensão podem ser realizados de forma efetiva. As políticas também devem incluir a disponibilização de medicamentos para o tratamento da hipertensão no SUS. Outro direcionamento importante é a educação em saúde, para sensibilizar a população para a importância do controle da pressão arterial e adoção de comportamentos saudáveis. Por fim, é essencial a realização de pesquisas para aprimorar as estratégias de prevenção e controle da hipertensão.