Setembro amarelo: evolução da ansiedade no Brasil
A ansiedade é um dos principais problemas de saúde mental no país. Em 2017, o Brasil ocupava o primeiro lugar no ranking mundial de prevalência de ansiedade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um total de cerca de 18,6 milhões de pessoas afetadas — aproximadamente 9,3% da população. Esse dado histórico ainda é amplamente citado e ajuda a dimensionar a magnitude do problema no país.
Desde então, o cenário evoluiu. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), globalmente a prevalência de ansiedade e depressão aumentou em 25% desde a pandemia de covid-19. No Brasil, a pesquisa Covitel 2023, disponível no Observatório da Saúde Pública da Umane, mostra que 26,8% da população apresenta diagnóstico de ansiedade. Esse resultado confirma a tendência global e oferece um retrato mais recente da presença do transtorno no país.
O que é ansiedade e quais são os sintomas?
O transtorno de ansiedade caracteriza-se por preocupação excessiva ou expectativa apreensiva, persistente e de difícil controle. Entre os principais sintomas estão inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, assim como alterações no sono. Sintomas físicos como palpitações, falta de ar, taquicardia, sudorese, dor de cabeça e dores musculares também podem ocorrer.Além disso, a ansiedade está associada a um aumento do risco de suicídio, tornando essencial que campanhas de prevenção, como o Setembro Amarelo, incluam o tema junto à discussão sobre depressão. O tratamento adequado dos transtornos de ansiedade é uma das formas mais eficazes de prevenção ao suicídio.
Ansiedade é mais frequente entre mulheres
Segundo a pesquisa Covitel, 34,2% das mulheres apresentam ansiedade, enquanto entre os homens a prevalência é de 18,9%.

Um relatório divulgado pela ONG Think Olga, em 2023, aponta que a situação financeira apertada, as dívidas, a remuneração baixa e a sobrecarga de trabalho estão entre os fatores que mais impõem sofrimento e impactam a saúde mental das mulheres.
Ansiedade tem ampla distribuição regional no Brasil
Os transtornos de ansiedade e depressão, por exemplo, têm ampla distribuição regional, como demonstra a tabela abaixo. A região Centro-Oeste, seguida da região Sul, foram as que mais apresentaram diagnóstico por ansiedade autorreferido, com 32,2% e 30%, respectivamente.
Prevalência de ansiedade no Brasil, por região:

Fonte: Dados do Covitel acessados no Observatório da Saúde Pública.
Prevalência entre jovens
Entre os jovens de 18 a 24 anos, a pesquisa Covitel 2023 mostra que 31,6% apresentam diagnóstico de transtorno de ansiedade. Esse dado evidencia que a ansiedade é especialmente prevalente nessa faixa etária, reforçando a importância de ações de prevenção e atenção desde cedo.
Segundo o Instituto Ame Sua Mente (IASM), com dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 50% dos transtornos de saúde mental apresentam sinais até os 14 anos, e 75% até os 24 anos.
O projeto Ame Sua Mente na Escola, que foi apoiado pela Umane, busca promover uma nova cultura de saúde mental desde cedo. Entre as escolas participantes, 71,1% passaram a identificar possíveis casos de transtornos de saúde mental entre alunos e 64,4% melhoraram a forma de lidar com essas situações.
Fortalecimento da atenção à saúde mental
Atitudes simples podem reduzir significativamente os transtornos de ansiedade e suas consequências. Atividade física, alimentação balanceada, sono adequado, cultivo de bons relacionamentos e desenvolvimento de habilidades para lidar com o estresse são aliados importantes.
No Brasil, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é responsável pelos cuidados em saúde mental no SUS, oferecendo serviços interconectados acessíveis em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde de 2024, também disponíveis no Observatório de Saúde Pública da Umane, atualmente o país conta com 41.678 UBS e 3.398 CAPS.
Acesse o Observatório de Saúde Pública.