Diabetes e hipertensão no Brasil: como idade, sexo e estilo de vida influenciam a prevalência
Doenças crônicas como diabetes e hipertensão vêm aumentando significativamente nas últimas décadas. Uma pesquisa conduzida pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC), com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou que o número de adultos vivendo com diabetes no mundo mais que quadruplicou desde 1990. São 800 milhões de pessoas vivendo com a condição. O impacto da hipertensão também é expressivo. O número de pessoas com a condição dobrou entre 1990 e 2019, passando de 650 milhões para 1,3 bilhão, por exemplo.
O Brasil acompanha essa tendência global. Segundo dados do Vigitel 2023, no Observatório de Saúde Pública, da Umane, 10,1% dos brasileiros acima de 18 anos de idade que vivem nas capitais têm diabetes. Há a prevalência pouco maior entre as mulheres, sendo 11,1% para as mulheres e 9% para os homens.

Evolução de pessoas com diabetes por sexo, segundo dados do Vigitel 2023
Já a hipertensão atinge 28,1% da população de 18 ou mais anos de idade das capitais. Estes seguem padrões semelhantes de maior prevalência em mulheres (29,6% para mulheres e 26,3% para homens). Além disso, há aumento gradual com a idade (alcançando 64,6% para 65 ou mais anos de idade).

A idade é, de fato, um fator determinante: conforme as faixas etárias avançam, cresce a proporção de pessoas com diabetes e hipertensão. No entanto, os fatores de risco modificáveis como a má alimentação, a obesidade, o consumo de álcool, o sedentarismo, o tabagismo também ajudam a explicar a maior prevalência de doenças crônicas em pessoas mais velhas. Isso evidencia a importância de políticas de prevenção e acompanhamento médico adequadas para diferentes grupos etários.

O que explica o aumento de casos de diabetes e hipertensão?
O diabetes é uma doença que se caracteriza pela produção ineficiente ou resistência a ação da Insulina, um hormônio que pâncreas produz e que tem como principal função propiciar a entrada de glicose (açúcar) para dentro das células, onde ela será consumida para produzir energia. Essa ineficiência da produção ou ação da insulina leva ao acúmulo de glicose na corrente sanguínea e em vários tecidos.
Segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), a crescente urbanização e a mudança de hábitos de vida, como maior ingestão de calorias, aumento do consumo de alimentos processados e estilo de vida sedentário são fatores que contribuem para o aumento da prevalência de diabetes tipo 2.
Já a hipertensão arterial é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Diferentemente do diabetes, essa doença é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, assim como no diabetes, como a má alimentação e a falta de atividade física.
Aumento de hipertensão e diabetes X Falta de atividade física
E é justamente aqui que o estilo de vida se mostra fundamental. A atividade física regular traz inúmeros benefícios para o bem-estar físico e mental, além de influenciar na prevenção de doenças crônicas. A diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada ou vigorosa por semana para os adultos. No entanto, uma em cada quatro pessoas mundialmente não realizam atividade física suficiente, segundo um levantamento da própria agência de saúde das Nações Unidas.
No Brasil, apesar de 54% da população adulta das capitais realizar algum tipo de atividade física, independentemente da intensidade e frequência, a prática diminui consideravelmente com a idade: é mais comum entre pessoas de 18 a 24 anos (66,8% nessa faixa etária) e cai entre aqueles com 65 anos ou mais (42,7% nessa faixa etária), segundo a Vigitel 2023.

Papel da APS na prevenção das doenças crônicas
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes, hipertensão, estão entre os maiores desafios de saúde pública no mundo. Isso impacta a qualidade de vida e gerando custos elevados para os sistemas de saúde. Na América Latina, por exemplo, são a principal causa de morte. No Brasil, a mortalidade prematura (de 30 a 69 anos) por DCNT foi a causa principal de 322.899 mil óbitos em 2023. A taxa de mortalidade é de 305,6 mortes por 100 mil habitantes, de acordo com dados do SIM, disponíveis no Observatório da Saúde Pública.
Nesse contexto, a Atenção Primária à Saúde (APS) desempenha papel fundamental na prevenção e no manejo dessas condições, por exemplo. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), o modelo de cuidado ocorre em níveis:
Nível 1: foco na promoção da saúde e prevenção, identificando fatores de risco como sedentarismo, alimentação inadequada e uso de álcool e tabaco.
Nível 2: cuidado de pacientes já diagnosticados, com acompanhamento contínuo para garantir tratamento adequado, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida.
Esse modelo, por outro lado, mostra como o cuidado estruturado pode reduzir o impacto das doenças crônicas e apoiar a população a viver com mais saúde e bem-estar.
