Dia Mundial da Saúde: longevidade e qualidade de vida estão avançando juntas no Brasil?

No dia 7 de abril é celebrado o Dia Mundial da Saúde, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a conscientização sobre questões críticas relacionadas ao bem-estar da população global. No âmbito nacional, a data serve para refletir sobre os avanços e desafios que permeiam a saúde pública no Brasil.
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a expectativa de vida ao nascer no país atingiu 76,4 anos em 2023, superando os índices pré-pandemia e evidenciando uma recuperação significativa após o impacto da covid-19. O número também reflete conquistas importantes em saneamento básico e acesso aos serviços de saúde, além dos avanços na medicina.
Mas, embora a expectativa de vida global tenha aumentado em 6,6 anos desde 2000 (chegando a 73,4 anos), os ganhos em saúde vitalícia (anos vividos com pleno bem-estar) não acompanharam esse ritmo, segundo dados de 2024 do Relatório Mundial de Estatísticas de Saúde da OMS. Entre as principais causas para isso estão as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e os fatores de riscos modificáveis, como tabagismo e sedentarismo. Entenda abaixo o cenário brasileiro.
Desigualdades nos indicadores de saúde: o papel da Atenção Primária à Saúde no acesso e qualidade
Historicamente, a população brasileira enfrenta grandes desigualdades no acesso aos serviços de saúde. Frente a essa realidade, a Atenção Primária à Saúde (APS) se coloca como uma das principais estratégias para reduzir as desigualdades e garantir o acesso universal a iniciativas de saúde pública que impactam diretamente na saúde da população.
Segundo a OMS, as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 74% das mortes anuais globalmente. No Brasil, dados do DATASUS disponíveis no Observatório da Saúde Pública mostram que em 2022 foram 323.003 mortes prematuras (de 30 a 69 anos) em decorrência de doenças crônicas não transmissíveis. A mortalidade foi maior entre os homens, respondendo por 56,2% dos óbitos, enquanto entre as mulheres o índice foi de 43,8%.

Entre as DCNT com maior prevalência no Brasil estão diabetes, hipertensão, câncer de mama e câncer de próstata.
Dados da pesquisa Vigitel 2023 disponíveis no Observatório da Saúde Pública mostram que 10,1% da população das capitais brasileiras convive com o diabetes. Já a hipertensão, condição crônica também conhecida como pressão alta, soma mais de 9,7 milhões de diagnósticos nas capitais brasileiras, o que representa 28,1% dessa população, segundo a mesma fonte.
Esses são dois exemplos de doenças que, embora não sejam a causa principal de morte em muitos casos, têm complicações que impactam significativamente no bem-estar dos indivíduos – seja a saúde física, mental ou com impactos sociais e econômicos.
Os cânceres, por sua vez, apesar das diferenças no diagnóstico e no tratamento, compartilham diversos fatores de risco em comum com o diabetes e a hipertensão, como tabagismo, sedentarismo, obesidade e má alimentação. E, em certas regiões do país, as mortes por câncer já ocupam o primeiro lugar.
O câncer de mama é um dos mais comuns entre as mulheres, e o DATASUS – SIM indica que, em 2022, 19.103 mulheres morreram em decorrência do tumor no Brasil, um número em crescimento nos últimos anos. Isso corresponde a uma taxa de 17,5 mortes a cada 100 mil habitantes (aumento de 53,5% em comparação a 11,4 em 2006), de acordo com cálculo do Observatório da Saúde Pública.

Já o câncer de próstata causou 16.429 mortes no Brasil em 2022 – correspondente a uma taxa de mortalidade de 17,4 a cada 100 mil habitantes, semelhante à do tumor na mama para as mulheres. No caso deles, a variação da taxa foi de 35,9% de 2006 até 2022. Os números também são do DATASUS e podem ser acessados no Observatório da Saúde Pública.

Dia Mundial da Saúde: desafios e avanços na expectativa de vida
O Dia Mundial da Saúde reforça a importância de garantir não apenas mais anos de vida, mas mais saúde e qualidade de vida para a população. A expectativa de vida no Brasil saltou de 54 anos em 1960 para 76,4 anos em 2023.
É preciso preparar o sistema para lidar com o envelhecimento populacional – a projeção é que o país tenha a 5ª população mais idosa do mundo em 2030 – bem como diminuir as desigualdades e seus reflexos nos indicadores de saúde, garantido acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Fortalecer a Atenção Primária à Saúde e investir em prevenção e diagnóstico precoce é outra forma de garantir mais qualidade de vida para uma população que está envelhecendo, sem esquecer dos cuidados com a saúde mental, a alimentação balanceada e uma rotina diária de exercícios. Não basta uma vida longeva, é preciso autonomia e bem-estar para viver com qualidade.