Mortalidade infantil: Brasil reduziu pela metade óbitos de crianças até 5 anos desde 2000

Um bebê deitado de bruços sobre um cobertor azul olha atentamente para a câmera durante uma consulta pediátrica. As mãos do profissional de saúde, vestindo um jaleco branco, tocam delicadamente suas costas.

A mortalidade infantil é um indicador de saúde importante para o acompanhamento e a medição da eficácia de diversas políticas de saúde pública, muitas vezes refletindo condições socioeconômicas cujo impacto na sociedade não pode ser ignorado. Nas últimas décadas, o Brasil fez avanços significativos para a redução da mortalidade infantil, embora ainda persistam alguns desafios.


Dados disponíveis no Observatório da Saúde Pública mostram que em 2000 a taxa de óbitos de crianças menores de 5 anos era de 26 a cada mil nascimentos; já em 2022, o índice foi de 15. Em números absolutos, a redução equivale a mais da metade (51,5%) e, além de expressiva, coloca o Brasil dentro da meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que pretende reduzir a mortalidade infantil nessa faixa etária para 25 a cada mil nascidos vivos até o ano de 2030.

O progresso alcançado pelo país é fruto de diversos fatores, como a ampliação do acesso aos serviços de saúde, a redução da pobreza e da fome, e os avanços em políticas públicas direcionadas à infância e à saúde materna. Continue lendo para compreender como esses fatores, também conhecidos como Determinantes Sociais de Saúde (DSS), impactam a qualidade de vida das crianças que vivem no Brasil.

Fatores essenciais para a saúde infantil: pré-natal, nutrição e vacinação

A redução da mortalidade infantil, principalmente no primeiro ano de vida, está diretamente ligada à saúde materna e ao acompanhamento pré-natal, visando reduzir complicações durante a gravidez e o parto – causas significativas de mortes. Nas últimas décadas o Brasil também avançou bastante nesse quesito.

Dados do DATASUS reunidos no Observatório da Saúde Pública indicam que, em 2022, 74,8% das gestantes realizaram sete ou mais consultas pré-natal, número considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o ideal. Isso corresponde a 1.916.010 consultas em todo o país. Já nos anos 2000 foram 1.329.337 consultas, uma cobertura de 43,5%.

Ao mesmo tempo, a mortalidade infantil de menores de 1 ano, que era de 22,3 por mil nascimentos em 2000 (68.155 óbitos), foi de 12,6 (32.257 óbitos) em 2022, ainda com dados acessados no Observatório da Saúde Pública. Novamente, o número total reduziu mais de 50% (52,8%) – no entanto, a média nacional ainda não atingiu o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU de manter o indicador abaixo a cada mil nascidos vivos.


Algumas condições associadas à pobreza impactam diretamente os índices de mortalidade infantil, como, por exemplo, a insegurança alimentar e a desnutrição. Gestantes com deficiências alimentares podem parir bebês com baixo peso ao nascer e ter dificuldades na produção do leite materno, fundamental para o desenvolvimento das crianças. A má nutrição infantil afeta o desenvolvimento físico e cognitivo dos bebês, além de aumentar a chance de contrair uma série de doenças infecciosas. 

A vacinação infantil é outro fator decisivo na redução das taxas de mortalidade. O Brasil é reconhecido internacionalmente por sua ampla cobertura vacinal, oferecendo uma série de vacinas gratuitamente em todo o território nacional por meio do Programa Nacional de Imunizações. O Calendário Nacional de Vacinação estipula uma série de vacinas que devem ser aplicadas nas crianças até os dez anos, todas fornecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre elas estão a pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e a BCG, que protege contra formas graves da tuberculose. 

Mortalidade infantil no Brasil: avanços e desafios atuais

Embora tenha havido progresso, persistem alguns desafios para consolidar e ampliar os avanços na redução da mortalidade infantil nacionalmente. As desigualdades sociais e regionais persistem como um obstáculo, especialmente para crianças e gestantes das regiões Norte e Nordeste, assim como das comunidades indígenas e quilombolas, que enfrentam riscos maiores de mortalidade. 

Para manter a trajetória de queda da mortalidade infantil é preciso fortalecer e ampliar iniciativas de combate à pobreza e desnutrição, além de garantir que gestantes e crianças recebam cuidados de saúde adequados nas consultas de pré-natal e primeira infância. Também é fundamental reforçar a cobertura vacinal e ampliar a sua abrangência no território para proporcionar proteção individual e coletiva contra doenças infecciosas. 

A queda nas taxas de mortalidade infantil demonstra o compromisso da sociedade brasileira com o bem-estar e o futuro da população. Essa conquista é resultado da colaboração entre diferentes setores sociais e reflete a implementação de políticas públicas que abordam não apenas a saúde, mas também questões sociais e econômicas.