Saúde masculina: a importância dos cuidados médicos preventivos
A ciência demonstra, cada vez mais, que escolhas e hábitos de vida influenciam fortemente a saúde. A adoção de hábitos saudáveis e o acompanhamento médico preventivo são essenciais para garantir um envelhecimento saudável. Contudo, muitos homens ainda dão menos atenção à própria saúde.
Embora a expectativa de vida no Brasil tenha aumentado para 76,4 anos em 2023 (IBGE), os homens ainda vivem, em média, 6,6 anos a menos do que as mulheres. Esses números reforçam a necessidade de repensar a forma como a população masculina encara a importância dos cuidados médicos preventivos.
Em 2023, 56,1% das mortes prematuras (entre 30 e 69 anos) causadas por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil ocorreram entre homens, enquanto 43,9% foram entre mulheres. Esses dados são do SIM-DATASUS, disponíveis no Observatório da Saúde Pública. Ainda, foram aproximadamente 75 mil óbitos entre os homens na faixa etária de 55 a 64 anos, contra cerca de 56 mil entre as mulheres.

Transtornos mentais levando mais homens à morte
Além disso, as mortes por suicídio são particularmente altas entre os homens, representando 77,9% do total, conforme os dados do SIM-DATASUS.

Procura por atendimento na saúde masculina sob influência da família e suspensão de tratamento
A resistência em buscar ajuda médica e a suspensão de tratamentos por conta própria são fatores frequentemente observados na população masculina. Levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo revelou mulheres ou filhos influenciaram homens a procurarem atendimento médico em que 70% dos casos. Mais da metade desses homens adiou a consulta até que a doença estivesse em estágio avançado, o que pode complicar o quadro de saúde.
A busca por um diagnóstico precoce é essencial para melhores resultados no tratamento de doenças como o câncer de próstata. Este é o segundo tipo de câncer que mais acomete homens, atrás apenas dos tumores de pele. Mesmo que os exames de rastreamento não sejam recomendados para pessoas assintomáticas, o acompanhamento médico de rotina é fundamental. Ele apoia na prevenção e manutenção da saúde masculina.
Em 2023, as mortes por câncer de próstata chegaram ao seu nível mais alto na série histórica disponível no Observatório da Saúde Pública. Foram 17.258 óbitos segundo os dados do DATASUS-SIM. Por isso, ações de conscientização, como o Novembro Azul, desempenham um papel estratégico: alertam os homens sobre a importância da prevenção. Essas ações incentivam hábitos de vida saudáveis e a necessidade de cuidados médicos regulares, incluindo atenção aos fatores de risco para o câncer de próstata.

Consumo de álcool também compromete a saúde masculina
Os homens também apresentam uma maior prevalência em comportamentos de risco, como o consumo abusivo de álcool. Em 2023, 63,04% das pessoas que fizeram uso abusivo eram homens, enquanto 36,96% eram mulheres, segundo dados do Vigitel. O consumo abusivo de álcool ocorre quando há ingestão de quatro ou mais doses em uma mesma ocasião, para mulheres, e cinco ou mais doses para homens. Este hábito é responsável por mais de três milhões de mortes por ano no mundo, além de ser fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como câncer, doenças cardiovasculares, distúrbios mentais e comportamentais.
O papel fundamental do SUS na saúde masculina
Os dados destacam a importância do cuidado com a saúde masculina, quanto à prevenção de doenças crônicas e gestão da saúde mental e comportamental.
O SUS tem um papel essencial na promoção da saúde masculina, oferecendo suporte para o diagnóstico precoce, acompanhamento contínuo e orientação sobre comportamentos de risco, como o consumo de álcool. A ampliação do acesso a esses serviços, assim como a disseminação de práticas preventivas, pode contribuir para uma população masculina mais saudável, com qualidade de vida e com a possibilidade de envelhecer de forma mais plena e segura.