Observatório analisa: Diabetes

Publicado em 17/12/2023

O diabetes é uma doença crônica que tem se tornado cada vez mais prevalente no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 16 milhões de brasileiros adultos sofram com a doença. O diabetes tipo 2 é a mais comum, representando cerca de 90% dos casos. A má alimentação, o sedentarismo e a obesidade são fatores de risco importantes para o desenvolvimento da doença. O diabetes pode levar a complicações graves, como doenças cardiovasculares, insuficiência renal e cegueira.
Apesar da gravidade, muitas pessoas desconhecem o diagnóstico, o que torna a prevenção e o controle ainda mais importantes. O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, como dieta saudável e prática regular de exercícios, além do uso de medicamentos quando necessário. A educação em saúde é fundamental para o controle do diabetes no Brasil.

O QUE É DIABETES?

O diabetes é uma doença crônica que ocorre quando o corpo não consegue produzir insulina
suficiente ou não consegue utilizá-la de maneira eficaz
. A insulina é um hormônio que regula
a quantidade de glicose no sangue. Os principais sintomas do diabetes incluem sede excessiva,
fome constante, perda de peso sem motivo aparente, cansaço frequente, visão embaçada,
feridas que demoram a cicatrizar e infecções frequentes. Existem dois tipos principais de
diabetes: tipo 1 e tipo 2.

O diabetes tipo 1 e tipo 2 são ambas condições crônicas que afetam a maneira como o corpo regula a glicose no sangue. A principal diferença entre eles é a causa. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, onde o sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina, resultando em uma deficiência de insulina. Geralmente se desenvolve na infância ou adolescência. Já o diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo se torna resistente à insulina ou quando o pâncreas não produz insulina suficiente. É mais comum em adultos e está frequentemente associada à obesidade. O controle regular dos níveis de glicose no sangue é essencial para o gerenciamento da doença.

O DIABETES NO BRASIL

O diabetes é uma doença crônica que tem se tornado cada vez mais prevalente no Brasil. Segundo o Vigitel, pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, a prevalência de diabetes no Brasil em 2023 foi de 10,1%. Vale ressaltar o aumento considerável desse número nas últimas décadas, que era de apenas 5,5% em 2006. Atualmente essa prevalência é maior em mulheres (11,1%) do que em homens (9,0%).

Quando analisada a prevalência por anos de estudo, observa-se que o diabetes é mais comum entre aqueles com menos anos de estudo. Entre os que têm até 8 anos de estudo, a prevalência foi de 19,3%, enquanto entre aqueles com 9 a 11 anos de estudo foi de 8%, e entre os que têm 12 ou mais anos de estudo, a prevalência foi de 5,4%.

Em relação à faixa etária, a prevalência de diabetes aumenta com a idade. Entre os jovens de 18 a 24 anos, a prevalência foi de apenas 0,6%. Já entre os adultos de 35 a 44 anos, a prevalência foi de 4,9%, aumentando para 30,4% entre as pessoas com 65 anos ou mais.

Esses dados destacam a importância de políticas públicas voltadas para a prevenção e controle da diabetes, especialmente entre os grupos mais vulneráveis. Além disso, reforçam a necessidade de educação em saúde para promover estilos de vida saudáveis e prevenir o desenvolvimento da doença.

Para saber mais sobre os dados do diabetes no Brasil, acesse o Observatório da Saúde Pública.

Internações

As internações por diabetes no Brasil são um problema de saúde pública significativo. De acordo com o Sistema de Informações Hospitalares (SIH), em 2022, foram registradas uma taxa de 62,9 internações por 100 mil habitantes devido ao diabetes, totalizando 127.940 internações. A média de dias de internação foi de aproximadamente 6,8 dias.

Quando analisamos a faixa etária, a maior taxa de internação ocorre entre os indivíduos com 65 anos ou mais, refletindo a maior prevalência da doença nessa faixa etária. Em relação à raça, os dados mostram que o número de internações de pessoas pretas e pardas ultrapassa 65 mil, mostrando como essa população é mais afetada, com taxas de internação mais altas em comparação com a população branca, cujos números alcançam 34.669 internações.

No que diz respeito ao sexo, as mulheres apresentam uma taxa de internação de 47,9%, ligeiramente menor que os homens, que é de 52,1%. Isso pode ser devido a vários fatores, incluindo diferenças biológicas, comportamentais e de acesso aos cuidados de saúde.

Esses dados destacam a necessidade de estratégias de prevenção e controle da diabetes que levem em consideração as diferenças entre os grupos populacionais. Além disso, reforçam a importância de melhorar o acesso aos cuidados de saúde e promover estilos de vida saudáveis para prevenir o desenvolvimento da doença.

Pesquisa sobre diabetes

A pesquisa científica sobre diabetes no Brasil é um campo em constante evolução, com várias universidades e institutos dedicados a entender melhor essa doença crônica. Entre as instituições de destaque estão a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), além de institutos como o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Os temas abordados nessas pesquisas são variados, mas alguns dos mais proeminentes incluem a prevenção e controle do diabetes, o desenvolvimento de novos tratamentos e medicamentos, a relação entre diabetes e outras doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, e o impacto do estilo de vida e da dieta na progressão da doença. Os artigos publicados se concentram sobre entender as disparidades na prevalência e no tratamento do diabetes entre diferentes grupos populacionais. Isso inclui estudos sobre a prevalência de diabetes em populações indígenas e em áreas urbanas versus rurais, bem como pesquisas sobre a eficácia de diferentes abordagens de tratamento em diferentes populações.

A Coleção de Documentos Científicos da Biblioteca do Observatório da Saúde Pública apresenta um total de 374 artigos científicos sobre o tema. A maior parte deles foi produzido nos últimos cinco anos, com destaque para as revistas Ciência & Saúde Coletiva e Revista Brasileira de Enfermagem.

Artigos sobre o tema diabetes na Biblioteca do Observatório da Saúde Pública.

A GEOGRAFIA DO DIABETES

O diabetes é uma condição de saúde significativa no Brasil, afetando milhões de pessoas e resultando em muitas internações hospitalares todos os anos. As internações podem ocorrer devido a complicações agudas, como hiperglicemia e hipoglicemia, ou complicações crônicas, como doenças cardiovasculares e problemas renais.

Segundo o Vigitel 2023, o diabetes é uma condição prevalente nas capitais brasileiras. As maiores prevalências são observadas em São Paulo e Distrito Federal (ambos com 12,10%), Porto Alegre (12%) e Natal (11,80%), e a menor prevalência foi observada em Rio Branco (5,60%).

A geografia do diabetes no Brasil é complexa, com variações regionais significativas. As áreas urbanas tendem a ter taxas mais altas devido a fatores como sedentarismo e dietas não saudáveis. Além disso, regiões mais pobres podem ter maior prevalência devido à falta de acesso a cuidados de saúde adequados. Para que o controle da doença possa acontecer de forma efetiva, é importante considerar, no desenho das políticas públicas, as particularidades regionais.

Como prevenir o diabetes?

A prevenção do diabetes é um aspecto crucial no controle desta doença crônica. A prevenção primária envolve a adoção de um estilo de vida saudável, que inclui uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, e pobre em açúcares e gorduras saturadas. A atividade física regular também é essencial, pois ajuda a manter um peso saudável e a melhorar a sensibilidade à insulina. Além disso, é importante realizar exames médicos regulares para monitorar os níveis de glicose no sangue, pois o diagnóstico precoce pode prevenir ou retardar o desenvolvimento de complicações relacionadas ao diabetes. A educação em saúde também é fundamental para aumentar a conscientização sobre os riscos do diabetes e promover comportamentos saudáveis.

Para pessoas com alto risco de desenvolver diabetes, como aquelas com pré-diabetes ou histórico familiar da doença, a intervenção médica pode ser necessária. Isso pode incluir o uso de medicamentos para controlar os níveis de glicose no sangue e orientação nutricional personalizada.

Vale ressaltar, que é indicado, para a prevenção do diabetes tipo 2, a realização de rastreamento a partir dos 45 anos. Caso os resultados estiverem normais, esse rastreamento deve ser realizado a cada 3 anos. No caso de indivíduos com sobrepeso, e mais um fator de risco para diabetes tipo 2, esse rastreamento também deve ser realizado. Exemplos de fatores de risco para diabetes tipo 2: sedentarismo, familiar em primeiro grau com diabetes, mulheres com gestação prévia com feto com ≥ 4 kg ou com diagnóstico de diabetes gestacional, hipertensão arterial sistêmica, história de doença cardiovascular, etc. Em pessoas com pré-diabete os exames devem ser repetidos anualmente.

A seguir, busque na Biblioteca do Observatório da Saúde Pública os documentos que tratam sobre o tema.

Políticas públicas de controle do diabetes

O desenho de políticas públicas para o controle do diabetes é um processo complexo que requer uma abordagem multifacetada. Primeiramente, é crucial a promoção de estilos de vida saudáveis, incluindo alimentação balanceada e prática regular de atividades físicas, para prevenir o surgimento da doença. Isso pode ser alcançado através de campanhas de conscientização e educação em saúde, bem como políticas que incentivem a disponibilidade e acessibilidade de alimentos saudáveis e espaços para atividade física.

Além disso, é importante garantir o acesso a cuidados de saúde de qualidade para todas as pessoas com diabetes. Isso inclui o diagnóstico precoce, o monitoramento regular dos níveis de glicose no sangue e o acesso a medicamentos e tratamentos necessários. Programas de capacitação para profissionais de saúde também são fundamentais para garantir que eles estejam equipados para fornecer o melhor cuidado possível.

Outra política chave é a pesquisa e desenvolvimento para melhorar o entendimento da diabetes e desenvolver novos tratamentos. Isso requer investimento em ciência e tecnologia e colaboração entre governos, universidades e setor privado.

Por fim, é essencial que as políticas públicas sejam inclusivas e levem em consideração as necessidades de diferentes grupos populacionais, incluindo pessoas de diferentes idades, gêneros, etnias e condições socioeconômicas. Isso garante que todos tenham a oportunidade de viver uma vida saudável, independente de terem diabetes.


Para saber mais

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica : diabetes mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://biblioteca.observatoriosaudepublica.com.br/documentos-de-referencia/estrategias-para-o-cuidado-da-pessoa-com-doenca-cronica-diabetes-mellitus/. Acesso em 17 de dez. 2023.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. E-books públicos. Disponível em: https://diabetes.org.br/e-books-publico/. Acesso em 17 de dez. 2023.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diabetes play. Disponível em: https://diabetesplay.com.br/. Acesso em 17 de dez. 2023.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cartilha de orientação sobre o uso da caneta de insulina descartável e reutilizável para pessoas insulino-dependentes. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes/publicacoes/orientacoes-insulina-para-pacientes/view . Acesso em 17 de dez. 2023.

ÁREA DE ATENÇÃO CLÍNICO-CIRÚRGICA À GESTANTE, Equipe do Ambulatório de Pré-Natal do IFF (Orgs.). Orientações para a gestante com diabetes mellitus gestacional. Fiquei diabética: E agora?. Rio de Janeiro: Fiocruz, Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/ Fiocruz), 2021. https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/48003/cartilha-diabete.pdf;jsessionid=31A9F7E1D4658A5800E61A3B80A736C5?sequence=2. Acesso em 17 de dez. 2023.

CRUZ, Déa Silva Cruz et al. Cartilha Diabetes mellitus. João Pessoa, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/hulw-ufpb/acesso-a-informacao/gestao-documental/material-educativo/cartilha-diabetes-mellitus.pdf/view . Acesso em 17 de dez. 2023.